julho 31, 2013

 
 
 
 
 
 
O aperto da noite
Nada morno, nada calmo
Homens de puro ferro preto
Vieram anunciar seu dia
Estalavam seu metal
... Suas sombras já tocavam meu rosto
Mas a mudez das cores esqueciam o afeto
Sem qualquer brilho silenciei
Não havia fogo em mim
Nem sal, nem lodo
Me levam como um nó em suas correntes
 
 
 






Queria uma torre
Estar lá com nada que preciso
O que a falta me traria?
Esperança nova?
Vida transformada?

julho 05, 2012

Cometido

Vácuo de medo escuro raso molhado
Luz nua madrugada marinha solidão
Voz rajada de trago pessimismo
Distância de frio se vendo monstruoso


landeira

fevereiro 25, 2012

Escalas

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Vem daí
Vem no movimento
Sobe com as escalas
Me busca aqui em cima
Te olho ladeira
Deixa chover
Segue a máscara
Em meu rastro você me chega
Olhando pra mim
Bem perto aqui
Me alcança nesse dia feito pra nós
Tempos mais vão correr sem você
Mas hoje o tempo é comigo




landeira




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dezembro 28, 2011

Aparecer

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Surge em minha miragem.
Vem! Pega em minha mão.
E quando em todas as vezes que estamos,
Floresce meu jardim inteiro com todas as frutas já maduras.



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novembro 15, 2011

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Cabeça. Cadeira.
Uma que para
Uma que senta

Cabeça. Cadeira.
E as devidas formas de se pensar.

                                                 (Landeira)



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setembro 16, 2011

Vôo música

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Vou numa música
De olhos fechados
Parto em sentidos
Sentindo o tempo na brisa que posso imaginar

                                                           (Landeira)

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agosto 22, 2011

Furo na parede.

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Prego. Furo.
Quadro pendurado.
Vestido branco, parede branca
Ambos desbotados.
Parecendo ainda ontem.
Apregoado passado.
O debute de Sandrinha.

                         (Landeira)

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agosto 19, 2011

2 Abelhas

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A velha de abelha
A vida de rainha
A abelha de vida
A velha de adeus


                 (Landeira)         







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agosto 14, 2011

Canoa

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Canoeiro canta e rema’ vem vigor de vento
Remo te leve tão leve tua canção
E leva teu braço nas sobras do vento



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agosto 01, 2011

O mago e a pétala do bem me quer




Mago

- Pétala do bem me quer, venho a ti porque preciso fazer chover.
Já consegui o mais difícil pra tal feito, o piano de calda que tive que trazer na cabeça,
a fumaça do primeiro cachimbo e lágrimas de anjo que, numa pequena prece, tive que fazê-los, por mim, se compadecer. Não sabe o que tive de dizer.
Agora, tendo tudo reunido e prestes a porção finalizar; sei que todo esforço só terá valia se espontaneamente, desta flor pra esta caldeira, você se lançar.
Essa chuva vai regar tuas irmãs, tua terra e tudo que conheces...
Se eu tivesse que te arrancar você não seria uma pétala que bem me quereria; assim não tenho mais o que justificar.

- O que me diz?




Pétala do bem me quer

- Aprecio seu amor, mas se meu bem quero te dar é aqui onde estou; no mesmo lugar desde quando a ultima chuva me fez brotar.

- Vá ali, pegue uma de plástico e o mesmo efeito terá, e ela até poderás arrancar.



Mago

- Há quase três séculos nascestes; no broto mais novo na última chuva.
Teu vigor já está cansado e nunca antes foi renovado. Se perder a tua vida, a chuva será também perdida.
A falsa pétala não traria o mesmo resultado, pois se mostra pétala, mas poderia ser apenas um saco.
Julgue sua decisão pelo amor. Ele exige o sacrifício e ainda ignora a dor.
Ele constrói sonhos com os restos de outros destruídos. Sua conquista não supera as perdas descompensadas.
O amor não enxerga com medidas. Ele é um deus voraz por acordar as ilusões.
Assim, se este apelo recusar e vida decidir continuar; já terá a si mesma julgado. E, ainda que na flor; sua alma vazia de todo esse amor será.
Seca vai murchar e cedo, muito antes de cair, nunca mais sorrirá.
De outro modo, se decidir ser lembrança e sacrifício, partirá leve para liberdade de outro sonho.

- Pelo amor, perdoada você estará.




Pétala do bem me quer

- Me convences do amor, sábio mago, e de todo o bem que queres causar.
Sou fruto deste rude sentimento e fora dele não posso eu sequer me imaginar.
Atiro-me agora a esta caldeira mágica sabendo que todo o meu medo e saudade de apenas pétala ser, são as únicas forças das que agora preciso me libertar.
Escolho ser sacrifício sabendo, também, que estas forças são as menos duradouras e as primeiras das quais irei me aliviar.

- Escolho ser lembrança, sabendo que da dor nunca irei me lembrar.



Mago

- Bela pétala do bem me quer; antes mesmo de caíres, a esperança em torno teu renascerá.
Tua vida dura hoje e para sempre durará.
Nem com tua despedida; partido, de fato, terá.
Mesmo o fogo destruidor, quente e aniquilador, com seu toque de pureza, irá se transformar.
Lá fora, já vem o grande vento com o benevolente propósito de esta fusão mágica espalhar.
Serás para sempre verde, rosas e céu belo em dia aberto ou em noite de luar.

- Então, sendo eu, mago em tantas vidas, testemunhava mais um milagre perturbado pela paz exigente de algum sacrifício.
Vi a linda pétala de meu bem querer saltar.

Senti o amor e a dor de toda sua vida, brilhantes em seu ultimo olhar.


                                                                                                                                                     (Landeira)

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julho 23, 2011

Primeira manhã

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Lá em cima vai estar lindo...


Já me encontra o sol.
Sim, aqui em cima tem a primeira manhã.
Espelhando as nuvens por cima.
Acordando, antes das palavras, o canto.
Trazendo a cor para apagar a luz acendida quando me vejo tarde.
Repensar a esperança no significado que chegou.
Me sentindo cedo de vontade amanhecida que vem na vida da primeira manhã.

                                                                                                                ( Landeira )

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julho 15, 2011

Se te olho...

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Se, somente a ti, olho...
Para mim, apenas tu, eu mostro...
Sombra na noite, então, te revelas...

                                                                 (Landeira)



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julho 10, 2011

Sob o azul

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Conto sobre o azul por sobre pautas azuis.
Enxergo alto, de onde vem a cor do mar e assim falo de lá.
Se falo do mar, molho meus medos; já o céu me leva com eles esquecidos.
Deitado, navego seguro.
Firme no meu chão adentro abismos, espumas, vastidão.
Mesmo ambos sendo o mesmo, perto de mim está o mar. Mas sempre em meus melhores sonhos estou a voar.

                                                                                                      ( Landeira )




Imagem: Surrealismo de Vladimir Kush - Heaven


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julho 09, 2011

Viva!

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Um viva a todas as pessoas, as aglomerações, e a tudo que reúne e que faz aproximar.
Arte. Salve o exercício da criatividade que revela a beleza e a riqueza que é o universo humano. Viva os impulsos, a troca de informações, as agremiações, as iniciativas, os conjuntos, os corais, as coleções, os comprimentos, os compromissos, os cultos, os intercâmbios, as raves, os debates nos comitês, todos os sotaques, todas as palestras, os brindes, as visitas, os ritmos e as danças de salão.
Pratiquem-se os jogos mais variados, utilizem bolas, cordas, redes, dedos, dados, prêmios, troféus, vontade, lágrimas.
Aproximem-se os que não se amam, os egoístas, os de orgulho cego, os iludidos e os rancorosos, porque estes são o próprio exemplo do que não deve ser semeado e a mudança nas suas vidas ensina sem palavras.
Destaquem as diferenças porque é a única coisa que todos temos em comum e o que deixa a vida tão colorida e em constante aprendizado.
Nascer é par. Existir é coletivo.
O coletivo é cultura. Cultura é universal.

                                                                                                                                 ( Landeira )



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